Detentos teriam subornado carcereiros para fazer ceia com bebida e drogas.
Festa, que foi gravada, custou R$ 3 mil, segundo um dos presos.
Mais quatro funcionários do setor de carceragem da Delegacia de Campo Mourão, no Paraná, foram afastados no sábado (8) após a RPC TV exibir uma festa de presos no Natal. Entre os quatro funcionários afastados está o chefe da carceragem. O delegado José Aparecido Jacovós já havia afastado no sábado (8) outros dois carcereiros que vão responder pelos crimes de corrupção ativa e prevaricação.
Os detentos teriam subornado os carcereiros para promover uma ceia com bebida e drogas. A festa regada a cerveja gelada, drogas e axé foi gravada e fotografada por um telefone celular. Um carcereiro aparece nas imagens e, segundo os presos, ele teria recebido dinheiro para comprar cerveja.
Na sexta-feira (7), a reportagem falou por telefone com um preso que está na delegacia. Ele disse que a festa custou R$ 3 mil e contou detalhes de como consegue bebida, drogas e telefone mesmo atrás das grades.
Repórter - como é que você consegue manter esse celular aí com você?
Preso - isso aqui é normal, você pagando ali pra carceragem não tem problema, não.
Repórter - como é que aconteceu (a festa), como é que ficou combinado?
Preso - (carcereiro) cobrou R$1.600 só pra passar a cerveja e pegou mais R$1.400 pra pagar as latinhas.
Repórter - e as drogas?
Preso - as drogas "foi pagado" mais R$ 400 por fora.
Repórter - os dois delegados sabiam da festa?
Preso - sabia.
O delegado José Aparecido Jacovós, que estava na praia enquanto a delegacia era palco da farra, diz que só soube da festa dois dias depois. “Eu não tinha conhecimento de absolutamente nada assim que nós tomamos conhecimento tá? Agora precisa me apontar, apontando, há culpados: corrupção e cadeia”.
Com relação ao uso de telefones celulares, o delegado admite a dificuldade de impedir a entrada dos aparelhos.
"Nós não podemos revistar partes íntimas das mulheres. Se você faz uma revista no corpo e encontra tudo bem, mas você não pode determinar que a pessoa que faz a revista coloque a mão em determinados lugares, que isso é constrangimento ilegal e também pode ser por corrupção, pode ser que alguém esteja favorecendo”, declara o delegado.
A mulher de um dos presos, que tem medo de mostrar o rosto, confirma como é fácil entrar com drogas e celulares na cadeia. “É normal, os carcereiros sempre passam droga, cerveja. Só pagar. Pagar o valor que eles querem eles passam de tudo. De tudo que precisar lá, eles passam”.
A assessoria do governador do Paraná informou que confia na palavra do delegado de que ele não sabia da farra e que, quando soube, afastou os dois carcereiros envolvidos.
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