Victor Melo
Redação Folha Vitória
Mais de mil menores de idade já foram apreendidos durante operações da Ronda Ostensiva Tática Motorizada (Rotam) da Polícia Militar, segundo informações do comandante, o tenente-coronel Laércio Oliveira. No total, desde que foi criada, há três anos, a unidade de apoio da PM já prendeu cerca de 4,8 mil pessoas.
Segundo o coronel Laércio, a maioria dos menores ingressa no mundo crime por meio das drogas. "Isso nos preocupa muito e, na maioria dessas ocorrências, eles são presos com armas de fogo. Começam com pequenas drogas e depois a gente vê, no passar dos anos, que são presos com armas, trocando tiro com a polícia, alvejados por companheiros, matam alguém no futuro e depois são pegos com armas restritas", disse.
Desde a criação da Rotam, cerca de 3 mil das pessoas apreendidas eram jovens com menos de 24 anos. Desses, 1.008 menores de idade, sendo 300 deles reincidentes. O coronel Laércio Oliveira revela casos de adolescente que com idade de 14, 15 anos já possuem diversas passagens pela polícia com uma ficha extensa de crimes.
"Mais de 95% começa com drogas, consumo, tráfico, depois armas, trocam tiros, depois assaltos, roubos e homicídios. Tenho um caso que um menino foi preso 12 vezes com apenas 14 anos. Isso não é problema nem da justiça, Ministério Público e polícia, mas da legislação vigente, que deveríamos pensar se ela está de acordo com o que acontece. A gente tem visto que as coisas estão evoluindo, e a população não sabe disso e vê que eles estão soltos, prendemos e soltam. Então os bandidos também enxergam isso", ressaltou.
Como a sensação de impunidade é grande por todas as partes, bandidos, população e polícia, os menores acabam se tornando peça chave para o tráfico e muitas vezes mais perigosas. A falta de estrutura familiar, educação e preceitos básicos para se viver em sociedade, os jovens ficam inconsequentes, como revela o comandante da Rotam.
"O que leva esses jovens para o crime é a sensação da falsa conquista de dinheiro, poder, questão econômica. A sociedade de consumo nos é imposta e às vezes isso não chega a uma pessoa com menos capacidade econômica. Eles preferem o ter do que o ser. Eles ficam mais perigosos, porque pela própria idade eles não possuem a responsabilidade, experiência e não enxergam nada à sua frente, como não têm base nenhuma, eles fazem e não estão nem aí com o que vai acontecer", concluiu.
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