sexta-feira, 2 de março de 2012

Morte de garoto é festejada em página de PMs -- BY A GAZETAONLINE


Os comentários apoiando a morte de Andriew estão na página da Rotam no Facebook
29/02/2012 - 23h13 - Atualizado em 29/02/2012 - 23h13

A morte de Andriew Henrique Barroso Santos, o Dudu, 14 anos,  foi comemorada por vários policiais militares no perfil da  Ronda Ostensiva Tática Motorizada (Rotam) no Facebook, página de relacionamentos da internet.

O adolescente foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia Militar, na noite de segunda-feira, no bairro Jardim Tropical, na Serra. Ele estava em um carro roubado, que foi perseguido pela polícia.

Os protestos realizados pelos moradores do bairro, revoltados com a morte do adolescente, também foram alvo de críticas no site de relacionamentos. Já a ação da PM, que usou balas de borracha para tentar conter a população, foi aprovada em vários comentários.

Após um post que falava da morte do adolescente e dos protestos feitos por moradores, várias pessoas, que se identificam no site de relacionamento como policiais militares, deixaram comentários parabenizando a operação de policiais da Rotam e defendendo a morte de bandidos.

foto: Divulgação

“Menos um FDP. Esse não vai dar mais trabalho. Vai pro inferno, capeta”, diz um comentário de um jovem que se identifica como militar. Em seguida, outro militar diz: “Parabéns a gloriosa PM. E vamos derrubar mais um monte! Podem tentar a sorte contra nós que o azar já é certo!”.

Em outra mensagem, o texto diz: “Eles nunca vão saber que é honrar a farda, o prazer que é ver o bandido no cofre. Parabéns por mais uma ação padrão. Menos um para dar trabalho”.

Muitos comentários aparecem acompanhados pela sigla PNCL. Gíria entre os militares, a sigla seria a abreviação de “p... no c... do ladrão”.


Corregedoria

O chefe do Comando de Polícia Ostensiva Metropolitano (CPOM), coronel Edmilson Santos, preferiu não opinar sobre as declarações dos militares no Facebook, pois não tinha conhecimento do perfil, mas afirmou que o fato será levado à Corregedoria da PM e se limitou a dizer que, em sua opinião pessoal, não se deve comemorar a morte de ninguém.

Sem afastamento
O coronel também confirmou que os  militares que participaram da operação - que terminou na morte do adolescente e na prisão de outros quatro jovens - já estão de volta às ruas e não devem ser afastados.
“Eles entregaram as armas, que serão periciadas. Esse é o procedimento padrão quando há troca de tiros. Mas  esses policiais não devem ser afastados. Isso só deve acontecer se algum deles alegar que não tem condições psicológicas ou se a Corregedoria julgar necessário durante as investigações.”


Dor e revolta no sepultamento
O clima de tristeza e de revolta e os pedidos de justiça marcaram o enterro de Andriew, ontem à tarde, no Cemitério de Carapina, Serra. O corpo do rapaz foi  acompanhando por dois ônibus e vários carros e motos, que promoveram um buzinaço no percurso.  Também foram afixados cartazes com pedidos de justiça, e alguns dos passageiros gritavam contra a polícia que acompanhava a movimentação.
Dentro do cemitério  muitas crianças e adolescentes choravam no último adeus a Dudu, como era conhecido. Isabel Cristina Barroso, mãe do garoto, desmaiou e teve de ser levada para casa por parentes.

O padre Xavier Paolillo,  membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos, disse que  iria acionar o Ministério Público Estadual e a Defensoria Pública. Ele afirmou já ter ouvido, de forma informal, os outros rapazes que estavam no automóvel com Andriew, e eles negaram que o rapaz tivesse envolvimento com qualquer tipo de crime.

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