Reprodução/Eleições Hoje
Sergio Viula
O site Eleições Hoje publicou nessa semana uma longa entrevista com Sergio Viula, professor de inglês, filosofia e teólogo carioca de 42 anos que fundou a ONG Movimento pela Sexualidade Sadia (Moses). O grupo, ligado a uma igreja evangélica, prestava serviços de "assistência" a homossexuais que gostariam de mudar sua orientação sexual. Anos depois, após passar por um casamento que rendeu dois filhos, ele se voltou contra a organização e decidiu abrir o jogo sobre os métodos da ONG e o sofrimento das pessoas que muitas vezes se viram forçadas a passarem por ex-gays.
Ele comentou a visão religiosa do homossexualidade e mostrou diversas ineficiências do projeto. Como o próprio Viula conta na entrevista, o grupo de apoio causava muito mais dor do que conforto e forçava as pessoas a agirem contra sua natureza. Depois de 18 anos trabalhando com o Moses, tendo tentado evangelizar novos fieis até nas paradas do orgulho LGBT, Sergio hoje vê com mais clareza a relação do homossexual com si mesmo.
"Na verdade, ex-gay não existe, é pura auto-sugestão", ele conta. "Hoje sei que estava me enganando. Na época, pensava que qualquer sentimento ou atração fosse mera ‘tentação’ e que isso poderia ser superado com oração e dedicação a deus. No grupo, basicamente, pensávamos que ser gay fosse pecado, que devia ser confessado e abandonado e para isso, fazíamos proselitismo, aconselhamento, oração, pregação, recomendávamos certos livros, leitura bíblica, coisas que os crentes geralmente fazem, mas com foco na homossexualidade, sempre demonizando a homoafetividade, infelizmente."
"Isso não acontecia de fato, era o que se chamava discipulado. Acaba sendo uma lavagem cerebral. Você tem que se isolar do seu antigo círculo de amigos, começar a se enfiar nas reuniões da igreja, fazer sessões de aconselhamento, orar, jejuar, essas coisas. Quando acontecia de alguém se envolver com outro homossexual, ele tinha que confessar o que fez. Uma loucura do caralho", ele se irrita. "Ninguém deixava de ser gay, houve relacionamentos até dentro do grupo, entre uma atividade e outra da igreja, eles sempre arrumavam tempo pra isso. Você consegue imaginar quanto sofrimento para mim mesmo e para todos os que atuaram ou foram influenciados por esse trabalho? É irritante! E tem gente até hoje repetindo esse discurso imbecil."
Na entrevista, o ex-ex-gay peita até o pastor Silas Malafaia, inimigo público número um dos direitos dos homossexuais no Brasil. "Ele é um idiota! Eu era um garoto quando me envolvi com tudo isso, tinha pouquíssima experiência de vida e não ainda não havia tanta informação como hoje. Agora, ele atua na base da má-fé mesmo, com interesses financeiros, projetos de poder.", detona. "E diz ele que nunca foi gay, será? Fico muito desconfiado de gente que gasta tanta energia e dinheiro para combater algo que não tenha nada a ver consigo mesma. Entendo heterossexuais que compreendem os riscos da homofobia, mas não entendo heterossexuais que quase surtam só por saberem que os gays estão felizes, saudáveis e produzindo para o país."
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