As pessoas têm a mania de inventar palavras novas para significar as mesmas coisas. Talvez porque, como não existe muita novidade em suas vidas, inventar palavras novas, mesmo que seja para coisas velhas pode servir para enganar quem gosta de ser enganado. Agora, a mania é a moda do “C” seguido de mais duas ou três letrinhas. De hoje em diante, quem quiser parecer inteligente (principalmente se não for) não deve mais dizer “diretor geral”, é ultrapassado, démodé, está por fora. O chique é dizer CEO, que em Inglês (tinha que ser Inglês) significa Chief Executive Officer – viu só, que bonito? Sim, porque uma coisa é você ser simplesmente um “diretor geral” qualquer e outra coisa, MUITO DIFERENTE, é ser um Chief Executive Officer, é ou não é?… Há quem ache que é.
Listinha da moda
A “grande novidade” não é só o esplendoroso CEO. A capacidade do gênio inventor do CEO foi mais longe e inventou também outras letrinhas que você deve decorar e sair dizendo por aí, se quiser ser admirado por quem admira esse tipo de coisa. Olha só:
- CEO – Chief Executive Officer: é o cargo mais alto da empresa. É chamado também de presidente, principal executivo e diretor geral, entre outros títulos de nobreza.
- COO – Chief Operating Officer: a tradução é executivo chefe de operações. Geralmente é o braço direito dos CEOs. Não se sabe quem é o esquerdo.
- CFO – Chief Financial Officer: um nome incomparavelmente mais bonito para o diretor de finanças.
- CHRO – Chief Human Resources Officer: conhecido vulgarmente como diretor de recursos humanos, um título muito do sem graça.
- CIO – Chief Imagination Officer: responsável pelo planejamento e pela estratégia por trás da tecnologia. É responsável por promover a criatividade entre o pessoal. Vai ver, foi um desses que inventou essa história dos “Cs”.
- CTO – Chief Technology Officer: comanda a infra-estrutura da tecnologia. É o velho e bom diretor técnico, nada de novo.
- CKO – Chief Knowledge Officer: responsável por administrar o capital intelectual. Ele reune e gerencia todo o conhecimento da organização, supondo que ele exista, claro.
- CRO – Chief Risk Officer: além de gerenciar o risco nas operações financeiras, o CRO também é responsável por analisar as estratégias do negócio, a concorrência e a legislação. Precisa ter cara de espião.
- CMO – Chief Marketing Officer: nada mais do que o manjadíssimo diretor de marketing. É responsável por cuidar também dos novos negócios e Internet.
Outras palavras bastante usadas:
- Chairman: presidente do conselho
- Country Manager: diretor geral para o país
Pronto, agora você está devidamente preparado para fazer bonito no seu trabalho, impressionar seus colegas e, quem sabe, até pedir um aumento ao patrão. Porque, afinal, não é qualquer um que é capaz de decorar tanta letrinha.
Diálogo moderno
As novas siglas podem dar origem a um diálogo como o que se segue, entre um funcionário e a secretária executiva de uma empresa:
- Eu queria falar com o CEO.
- Ah, o CEO não pode atender, ele está em reunião com o CRO e o CKO. O senhor não quer falar com o COO?
- Não, nesse caso prefiro falar com o CTO.
- Mas que falta de sorte! O CTO acabou de sair com o CIO e o CHRO. Mas o senhor pode se entender com o CFO.
- Não, o CFO não vai resolver, porque o CMO já me avisou que ele depende do parecer do CEO.
- Bem, senhor, neste caso receio não poder ajudá-lo.
- Pode sim, querida: quando o CEO acabar a reunião com o CRO e o CKO, diz pra ele que o CDF esteve aqui.
- CDF? Não conheço esta sigla, senhor.
- Mas o CEO conhece, pergunta que ele te explica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário