sexta-feira, 13 de maio de 2011

O alto preço da novidade. Até quando?

cruze paulista 2 O alto preço da novidade. Até quando?
Foi anunciado para agosto/setembro de 2011 a chegada do Chevrolet Cruze. Um carro médio que tem o papel de resgatar as vendas do cansado Vectra. Por hora seu preço estimado até o momento é de R$65 mil. Hoje podemos encontrar um Vectra em versão intermediária com um nível razoável de equipamentos, na faixa de 60 mil reais. Como pode-se justificar então um valor de entrada 5 mil reais acima?
É simples: o preço da novidade.
Brasileiro é conhecido por comprar carro para o vizinho ver. Gosta de se exibir com modelos super modernos, novinhos e recém-lançados. Bom, pelo menos ele tenta, pois é óbvia e gritante a defasagem nos modelos lançados aqui em relação às matrizes.
Vale a pena culpar os altos impostos? Creio que não. Aliás, tenho certeza que não. Como pode uma marca como a JAC (não interessa se é chinesa) vender um carro completíssimo, com airbag e ABS, por menos de 40 mil reais? Isso tudo pagando 35% de taxa de importação. Seria culpa do baixo custo de fabricação e materiais de baixa qualidade? Ora bolas, em que país vivemos? Vendemos Uno, Celta e Gol pelo mesmo preço e sem metade dos equipamentos de um J3. E isso tudo com uma qualidade de acabamento igualmente fatídica.
Mas voltando ao foco dessa crítica, até quando nós brasileiros continuaremos a pagar rios de dinheiro por modelos de segunda mão, que só por que são recém lançados, tem seu preço jogado nas alturas?
Um Chevrolet Cruze de 65 mil reais deveria custar algo próximo de seu irmão aposentado Vectra. Afinal, é fabricado aqui ou importado de algum outro país da América Latina, sem taxas.
Claro que isso não é “culpa” exclusiva da Chevrolet. Apenas usei este modelo como “bode espiatório”. Em reboque temos o competente Corolla vendido sempre acima de 70 mil reais. Com seu “carro chefe”, a versão XEi vendida acima de estrondosos 75 mil reais!
A que ponto chegamos? Para termos carros minimamente equipados, com um nível adequado de segurança e conforto, precisamos desembolsar quantias exorbitantes? E isso tudo ocorre pelo preço da novidade. Mas Corolla não é novidade. Sim, não é. Mas desde seu lançamento vende igual água. Então por que baixar o preço?
O melhor argumento dos diretores é: “enquanto tem quem compre, vai ter quem venda.” Isso se resume à: “enquanto tiver quem pague 65 mil reais num modelo de entrada nos EUA, terá uma Chevrolet vendendo Cruze, uma Toyota vendendo Corolla e uma Hyundai vendendo ix35 por preços estúpidos.”
E não é por falta de opção que isso ocorre. Renault vende o excelente Fluence completíssimo por 65 mil reais.Ford vende o majestral Focus pelo mesmo preço. Kia tem o elegante Cerato por 50 mil reais.
Me pergunto novamente: até quando vamos pagar o alto preço da novidade?
Por Rafael Nunes

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